PARCERIA NOS NEGÓCIOS: HORA CERTA PARA UNIR FORÇAS

Quem empreende e tem um pequeno negócio sabe o quanto é importante buscar saídas, se reinventar, em momentos críticos de vendas. As parcerias nos negócios são alternativas viáveis que podem alavancar várias atividades juntas. O primeiro passo é conhecer bem seu próprio negócio e buscar parceiros que façam sentido para crescer. 

“Se a parceria tem uma conexão com o que você vende, com a imagem do seu negócio – como uma loja de queijos que também oferece vinhos –, ela pode te ajudar a ampliar a experiência do consumidor e fazer com que ele se torne um cliente fiel", diz a especialista em inovação Alessandra Ferreira de Andrade, que coordena o Faap Business Hub, área de empreendedorismo e inovação da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. Algumas situações, porém, exigem cautela. “Uma loja de bolos não terá muita vantagem se ofertar um vale-academia”, exemplifica Alessandra.

Ganha-ganha

É importante ter em mente que o que se busca com parcerias nos negócios é uma relação de “ganha-ganha”, lembra o professor Jackson Cabral, coordenador do curso de Gastronomia da Faculdade Promove, de Belo Horizonte.

"A soma dos esforços é uma necessidade em qualquer época, não apenas na pandemia".

“Muita gente teve que fechar as portas, mas agora vivemos um novo momento, em que as pessoas tentam voltar com novas ideias ou serviços”, afirma Jackson. Nesse sentido, as parcerias podem ajudar a reduzir custos e contribuir para o marketing, para a imagem do negócio, reforçando, por exemplo, o uso intensivo das redes sociais.

Vantagens das parcerias nos negócios

• Redução de custos
• Ampliação da experiência do cliente
• Fidelização do cliente
• Ações de marketing multiplicadas pelos parceiros

Evite riscos e armadilhas

“Boas parcerias são vantajosas, mas o empreendedor precisa ficar atento para não exagerar na dose”, alerta a especialista Alessandra de Andrade.

“No começo, o pequeno empreendedor precisa fazer de tudo, mas quando sua hora de trabalho passa a valer muito para o negócio e não sobra tempo para se dedicar às parcerias, então é a hora de terceirizar.” Alessandra de Andrade

• Lembre-se de focar naquilo que faz melhor
• Cuide para não gastar tempo em ações que trazem poucos benefícios
• Fique atento à contrapartida adequada do parceiro

Tipos de parcerias

Parcerias cruzadas

• Usar produtos de limpeza, aventais ou itens de cozinha de determinadas marcas e, em troca, colocar totens ou dispensers na loja para divulgar o negócio dos fabricantes
• Nova oportunidade no ramo de comida é o aluguel ou o compartilhamento de utensílios de parceiros, até mesmo cozinhas profissionais completas, instaladas em troca de divulgação

Grupos e associações

• Funcionam bem para compras coletivas, desde que tenham conhecimento na área
• Bons para a compra de grande volume de itens perecíveis com menor custo
• Diferentes negócios se unem para montar cestas e vender em datas festivas com preço melhor

Revenda de alimentos

• Estratégia muito comum em padarias, cantinas, lanchonetes, restaurantes e minimercados é a venda de doces prontos juntos ao caixa, enquanto os clientes pagam suas contas
• Exponha seu produto em cardápios de empresas que atendem por delivery e negocie um percentual das vendas como contrapartida, sem comprometer seu lucro
• Evite venda consignada de produtos perecíveis

Exemplos de sucesso:

A pandemia fez o comércio e o setor de eventos reduzirem muito suas atividades. A solução para esses dois empreendedores veio das parcerias nos negócios

Da “Salada do Caco” aos molhos

Por volta de 2001, o chef Caco Pereira criou um prato que se tornou tradicional em Santa Maria (RS): a “Salada do Caco”, com folhas, tomate seco, maçã, palmito, queijo provolone e gergelim. O sucesso foi tanto que, com o tempo, virou um dos carros-chefes vendidos, inclusive, em outros restaurantes locais. Há 15 anos dedicados ao setor de eventos, Caco ampliou sua experiência na área e faz parcerias com espaços como Vira Cambota (infantil) e Bianco Nero (adulto).

Ele conta que não tem rendimentos com a venda das saladas em outros locais, mas esse sucesso garante exposição para ele, que virou também consultor de restaurantes. A pandemia fez o setor de eventos reduzir muito as atividades e a solução veio das parcerias: Caco e os donos dos dois salões de festa se uniram para produzir e comercializar molhos caseiros. Assim surgiu a Manufatto, marca vendida diretamente ao cliente e em revendas na cidade.

Pão de mel nas cestas

A doceira Tatiane Ferraz, de Curitiba (PR), produz pão de mel há 10 anos com a marca Doces Tati e sentiu, cerca de dois anos atrás, a importância de unir forças. O marido desempregado passou a ajudar nas vendas, indo uniformizado de porta em porta de lanchonetes e cantinas escolares oferecer o produto com a marca do negócio. Deixava uma amostra e um cartão de visitas e, assim, conquistou espaço de revenda.

O fechamento desses locais nesse momento de restrições levou a Doces Tati a novas saídas: se associou a outros fornecedores e criou bandejas de café da manhã para datas especiais, incluindo granola e outros produtos de parceiros. Uniu-se também a fotógrafos para postar imagens profissionais dos produtos nas redes sociais. Para Tatiane, a parceria ajuda a crescer.

“Às vezes, o retorno financeiro não vem na hora, mas sempre aumenta o número de seguidores nas páginas, que depois viram clientes.” Tatiane Ferraz