VITAMINAS E SUPLEMENTOS: SAUDÁVEIS, MODERADAMENTE
Preocupação com a saúde ou mesmo com a estética faz com que pessoas tomem vitaminas e suplementos dos mais variados tipos. Mas que cuidados devemos ter com esses produtos?
A maior parte das necessidades vitamínicas de que seu corpo precisa está nos alimentos. Frutas, verduras, cereais, carnes, ovos, laticínios, dentre outros alimentos biológicos, são fontes riquíssimas e variadas de vitaminas e minerais.
Porém, se você, como grande parte da população, não consegue manter uma alimentação muito balanceada, é possível que o seu organismo tenha deficiências nutricionais e até mande alguns sinais, como cansaço excessivo, unhas e cabelos quebradiços, manchas nas pernas, falta de concentração, formigamentos ou, até, anemia e depressão.
Vitaminas e suplementos entram para compensar essa carência, restabelecendo as funções do seu corpo, promovendo o bem-estar e devolvendo a saúde. Mas o que pode parecer inofensivo e prático requer alguns cuidados.
DIRETO NA FONTE
Primeiro, tenha em mente que a melhor fonte geral são mesmo os alimentos saudáveis e biológicos que oferecem os micronutrientes em proporções equilibradas. Para deficiências específicas de nutrientes, pessoas que tenham restrições alimentares, idosos, gestantes e outros grupos que necessitam de cuidados especiais, o acompanhamento profissional é indispensável.
“Com o acompanhamento de um profissional habilitado, o que está sendo suplementado atenderá adequadamente ao que cada indivíduo necessita, evitando o consumo inadequado e, consequentemente, gastos e ingestões desnecessárias”, explica a nutricionista Ketlyn Dalagnol, especialista em Nutrição Esportiva e Funcional pela VP Nutricional de São Paulo
DOSE CERTA É FUNDAMENTAL
A nutricionista explica, em linhas gerais, que a diferença entre o veneno e o remédio é a dose. Algumas quantidades encontradas em produtos prontos são muito baixas e, portanto, não surtirão o efeito desejado. “Por outro lado, não podemos ter em mente que quanto maior a dose, melhor para o organismo, porque podem ser tóxicas para o corpo humano. O consumo elevado de vitamina D, por exemplo, pode causar a calcificação de tecidos moles como o rim (incluindo cálculos renais), o miocárdio, os pulmões e até mesmo da membrana timpânica do ouvido, o que pode resultar em surdez”, ressalta Ketlyn.
“Quantidades tóxicas podem levar a problemas hepáticos, excesso de calcificação, distúrbios gastrointestinais, náuseas, vômitos, cefaleia, cansaço etc. Outro ponto em destaque é a interação que ocorre entre vitaminas e minerais, em que um pode não deixar o organismo absorver o outro”, avalia.
POR QUE AS PESSOAS GOSTAM TANTO DE VITAMINAS E SUPLEMENTOS?
Além da saúde, muitas pessoas utilizam suplementos vitamínicos buscando melhorar a condição estética e retardar o envelhecimento. Mas é importante ter em conta que não se atinge o desenvolvimento e a beleza de pele, músculos, cabelo e unhas sem que eles estejam nutridos e saudáveis.
A nutricionista Ketlyn orienta que, quando nos referimos a nutrientes para o organismo, tudo aquilo que ingerimos primeiramente será para restabelecer funções primárias e necessárias para o nosso corpo e, só então, após esse primeiro passo, o nosso organismo demanda o que for necessário para fins estéticos.
FALTA E EXCESSO
Atenção para isso! As vitaminas são divididas em dois grupos: as que precisam da gordura para serem absorvidas (lipossolúveis) e as que se diluem em água (hidrossolúveis). No primeiro grupo, em que estão A, D, E e K, praticamente tudo que é ingerido e não aproveitado no momento fica estocado no tecido gorduroso para períodos de escassez.
As do segundo grupo, que fazem parte do complexo B e a vitamina C, não são armazenadas e o que é considerado excesso é eliminado pela urina. Conclusão: se, por um lado, as lipossolúveis oferecem a vantagem de serem armazenadas, por outro sua ingestão excessiva leva a quadros de hipervitaminose – que podem provocar sintomas tóxicos.
CUIDADOS COM A PROCEDÊNCIA DE VITAMINAS E SUPLEMENTOS
O órgão que regulamenta os suplementos no Brasil é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No site, há uma ferramenta de busca de ingredientes seguros e vitaminas regulamentadas. “Suplementos como probióticos e enzimas possuem um registro declarado no rótulo com o número que pode ser consultado no portal da Anvisa. Porém, não é obrigatório que todos os suplementos tenham o registro, apenas é sugerido que se faça. Por isso, é bom ficar atento, tendendo a confiar em marcas conhecidas e bem avaliadas”, orienta Ketlyn.
MITOS E VERDADES
O primeiro mito é em relação à vitamina C. Muitos pensam que o seu uso poderá “curar” uma gripe. Não existe embasamento científico para afirmar que ela possui esse efeito. O que se sabe é que a vitamina C é um ótimo antioxidante e, por esse motivo, pode ajudar na qualidade do sistema imune.
Outro mito é que somente com vitaminas e suplementos ganhamos massa muscular. Os suplementos alimentares são usados para complementar algo que com a alimentação não é suficiente.
Refeições bem balanceadas, sem restrições alimentares, fornecem os nutrientes necessários para bom rendimento durante o exercício. “Em algumas situações, como demanda elevada de exercícios ou deficiência nutricional causada por algum sintoma ou patologia, os suplementos alimentares podem ser aliados para que se restabeleça a saúde e melhore a performance esportiva”, sinaliza a especialista.
As vitaminas não têm calorias e, por isso, não engordam. A dúvida surge porque alguns nutrientes das vitaminas participam de funções que aumentam o apetite, levando a pessoa a comer mais. Por si só, as vitaminas não acrescentam gordura ao corpo.
VITAMINAS E SUPLEMENTOS NA PANDEMIA
Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), realizada em maio/2020, revelou que a pandemia do novo coronavírus pode ter contribuído para a população brasileira usar mais suplementos alimentares. Dos entrevistados, 63% disseram utilizar para aumentar a imunidade; 48% passaram a ingerir mais multivitamínicos e afins; 47% mantiveram a mesma taxa de consumo; e 5% diminuíram o consumo.
Vitaminas mais procuradas:
Multivitamínicos (28%)
Vitamina C (26%)
Vitamina D (8%)