Para milhares de mulheres, o empreendedorismo é uma necessidade e ainda pode render frutos que se tornam motivo de orgulho
De acordo com o estudo “Empreendedorismo Feminino”, do Sebrae, a maior parte das mulheres que empreendem (67%) têm filhos, sendo que 68% delas dizem que a maternidade influenciou diretamente na decisão de empreender – enquanto entre os homens o índice é de 56%.
Nesse contexto, é válido pontuar que a Covid-19 representou um impacto significativo no empreendedorismo.
Ou seja, a pandemia aumentou a necessidade de muitas mulheres e mães por uma fonte de renda que possibilitasse mais equilíbrio entre o trabalho e o cuidado com os filhos, na época sem aulas devido às restrições impostas pela pandemia.
DETERMINAÇÃO
O que chama atenção nas histórias dessas mães é como elas têm transformado adversidades em oportunidades de crescimento.
É o caso da Cris, que em 2020 se viu diante de um problema: a pizzaria onde trabalhava iria fechar. Com o emprego ameaçado e uma filha (então com 13 anos) para criar, o medo deu lugar à determinação e ela fez uma proposta ao antigo chefe – gostaria de assumir o negócio.
Empreender sendo mãe solo não foi fácil. “A maternidade me fez ficar preocupada porque eu não teria emprego, já que ninguém estava contratando na pandemia. Então, tive que tomar a atitude em tocar a pizzaria para honrar o sustento meu e da minha filha e dos funcionários da época. Foi difícil, mas quando olhei o cenário precisei tomar uma decisão rápida”, conta Cristiane Jorgete dos Santos, de 47 anos, proprietária da A Botânica Pizza.
Para dar conta da demanda, a empreendedora teve que pedir ajuda à filha adolescente: “Primeiro, precisei entender que não consigo fazer tudo sozinha e verbalizar para a Giulia que precisava de ajuda tanto em casa quanto na pizzaria. Tentar alinhar a rotina de casa e deixar tudo em ordem é um desafio até hoje, mas, depois de algumas mudanças, eu estou bem menos estressada que antes”.
CONSTRUINDO NEGÓCIOS E FUTUROS
A pizzaria resistiu aos tempos difíceis, se tornou um espaço de crescimento para duas gerações e, o que começou como uma estratégia de sobrevivência, agora é um caso de sucesso e uma empresa familiar.
Cris conta orgulhosa que, aos 18 anos, Giulia está cursando Ciências Biológicas na Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Trabalhando e cheias de sonhos. Sinto que estou no caminho certo”, diz.
A filha, que na época mal conseguia atender a um telefonema, também trabalha no atendimento da pizzaria aos finais de semana para ajudar a mãe, provando que o empreendedorismo materno gera frutos que vão além das finanças.
Além de atender, a jovem opina sobre alguns pontos da empresa: “A pizza favorita da Giulia é muçarela com alho-poró. E foi ela mesma quem pediu para incluir esse sabor no cardápio. Vejo o resultado olhando para meus clientes, para minha equipe e para minha família. A Giulia é uma jovem alegre e radiante”, finaliza.