Retomada do comércio no setor de alimentação aponta tendências
É necessário fazer ajustes para melhorar o desempenho dos pequenos negócios de alimentação na retomada já que se percebe algumas tendências para o pós-pandemia.
"Todo mundo precisa se alimentar”. Essa máxima costuma guiar a decisão de muitos empreendedores que decidem iniciar um negócio próprio no segmento de alimentação. Porém, o momento único vivido por causa da pandemia do novo coronavírus impôs obstáculos que impactaram o setor como um todo, desafiando até mesmo quem tem anos de experiência no ramo – tanto que, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), 20% dos cerca de 1,3 milhão de estabelecimentos registrados no país não estarão de portas abertas no momento da retomada. Com isso, empreendedores que, desde o início da pandemia, vêm batalhando para sobreviver à crise têm buscado continuamente formas de reinventar seus negócios por meio de inovações e adaptações.
Envolvida na análise e na pesquisa do segmento desde o início do isolamento social no Brasil, a consultoria Galunion aponta novos hábitos e comportamentos de alimentação por parte dos consumidores brasileiros que aceleram as transformações nos negócios. Dentre eles, o de que as pessoas pretendem continuar cozinhando em casa. Um dos principais motivos é a redução de renda, diz a fundadora e CEO da Galunion, Simone Galante. A pesquisa realizada em julho deste ano, intitulada “Como a Covid-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação”, revela que 26% dos 1.108 entrevistados – homens e mulheres das classes A, B e C – pediriam aos donos de restaurantes que inventassem pratos mais baratos e gostosos. A porcentagem sobe para 35% quando são analisados especificamente os dados da classe C.
A renda menor das famílias não significa que o setor de alimentação esteja em estado crítico. Apesar de o segmento projetar ainda para 2022 a volta ao tamanho que tinha antes do isolamento, conforme a avaliação da consultoria, pedir comida em casa é uma tendência consolidada durante a pandemia. E esse hábito continuará sendo fundamental na retomada: “Essa é sempre a segunda opção citada pelos entrevistados na pesquisa. Por isso, o empreendedor precisa entender bem quem é seu cliente e saber se comunicar com ele”. Isso envolve não apenas as redes sociais e os cadastros em aplicativos, mas também ações fora do ambiente digital, aponta Simone. “Algumas padarias passaram a levar pão e leite à porta do cliente, como antigamente. Outros restaurantes, que atendiam basicamente empresas do entorno, se comunicaram com elas para facilitar o pedido de marmitas para os funcionários, por exemplo”, completa a pesquisadora. Com medidas de adaptação, houve empreendimentos que faturaram mais na crise: em outro levantamento da consultoria, 13% dos negócios afirmaram que estão vendendo mais agora do que antes da pandemia.