Música e liberdade
Em Angola, música e dança são mais do que entretenimento. Para o gestor de negócios angolano Jurelmo de Carvalho Lopes, de 37 anos, que mora na capital do país, Luanda, a música angolana é repleta de emoções e tradições: “Foi fundamental na conquista da independência e continua a ser uma forma de exercer a liberdade de expressão”.
O ritmo que se tornou símbolo do movimento pela independência do país na década de 1970 é o semba, que tem algumas similaridades sonoras com o samba brasileiro. Na época, era uma música de intervenção social, que ajudou a reforçar a identidade cultural de Angola.
O semba também inspirou a quizomba, uma dança que se popularizou em outros países. No entanto, talvez o ritmo angolano mais conhecido no Brasil seja o kuduro – em 2012, o gênero musical se popularizou no Brasil graças à música de abertura da novela Avenida Brasil, da Rede Globo.
Outros ritmos regionais destacados por Jurelmo são o Tchianda, típico do leste do país, o Sungura, do sul, e a Ndjimba, conhecida como a “dança dos caçadores” na tradição dos povos ambundos.
Carnaval de Luanda
A maior festa popular de Angola, assim como no Brasil, é o Carnaval. Além da folia, os desfiles na Avenida Marginal de Luanda, que seguem o contorno da baía à beira-mar, trazem uma demonstração da diversidade cultural do país ao som dos ritmos locais.
Críticas sociais, personalidades, crenças, costumes e superstições de diferentes regiões ganham espaço nos temas das fantasias e dos carros alegóricos do Carnaval angolano. A verdadeira festa popular, no entanto, acontece nos musseques, como são conhecidos os bairros periféricos.
O artesanato de máscaras também é uma importante manifestação cultural do país, e não necessariamente tem a ver com fantasias de Carnaval. Assim como em outros lugares da África, as máscaras esculpidas em madeira são representações sagradas, ligadas não apenas às crenças, mas também à identidade dos povos.
A diversidade do país se reflete também na quantidade de línguas faladas pela população. Além do português, que é a língua oficial, existem outras dezenas de dialetos − os principais são umbundo, quimbundo, quicongo e chócue.
ENTRADA
Caldo da Ilha
Mesmo que você não tenha a vista para a baía e a Ilha de Luanda em sua sala de jantar, essa receita simples de caldo de peixe cumpre o objetivo de trazer os sabores do mar de Angola para dentro da sua casa.
Ingredientes
✓ 1 cabeça de peixe Garoupa ou Corvina
✓ 1 posta de peixe seco
✓ 1 mandioca pequena
✓ 1 batata-doce pequena
✓ 1 tomate sem casca
✓ 1 cebola média
✓ Jindungo (pimenta malagueta) a gosto
✓ Azeite e sal a gosto
Modo de preparo
Refogue a cebola e o tomate picados no azeite e, em seguida, adicione a cabeça e a posta de peixe. Deixe abafar, cubra com água e acrescente a mandioca e a batata-doce cortadas em pedaços. Quando as raízes estiverem quase cozidas, acerte o sal e a pimenta e deixe o caldo engrossar mais no fogo.
Dica: servir o prato acompanhado de farinha musseque, uma variedade mais grossa e azeda da farinha de mandioca.
PRATO PRINCIPAL
Mufete ao súmate
Receita de feijão com óleo de palma, funge de banana e kihoio. O mufete, um verdadeiro banquete de peixe que também é típico da Ilha de Luanda. “Ir à ilha e comer um mufete faz parte do roteiro clássico de quem visita a cidade”, observa a historiadora. A receita a seguir rende de duas a três porções.
Ingredientes
✓ 2 xícaras (chá) de feijão-manteiga
✓ 4 xícaras (chá) de água
✓ 2 cebolas grandes picadas
✓ 1 tomate maduro picado
✓ 1 peça de peixe para assar (ex.: tilápia)
✓ 3 bananas-da-terra
✓ 2 xícaras (chá) de farinha de mandioca grossa e torrada
✓ 1 colher (sopa) de manteiga
✓ 1 folha de louro
✓ Suco de 1 limão
✓ Pimenta malagueta a gosto
✓ Sal a gosto
✓ Azeite doce a gosto
✓ Azeite de dendê a gosto
Modo de preparo
Para o feijão com óleo de palma - Lave bem os grãos de feijão e coloque-os, com a folha de louro, para cozinhar em panela de pressão com a quantidade de água indicada. Quando estiver cozido, refogue-o com ⅓ da cebola picada em azeite de dendê. Ao final, incorpore um pouco mais de azeite de dendê e sal (a gosto) para temperar.
Para o mufete ao súmate - Asse o peixe na brasa até dourar. Faça o súmate com ⅓ da cebola, o tomate, o azeite doce, o suco do limão, a pimenta malagueta pisada com sal a gosto. Regue o peixe assado e ainda quente.
Para o funge de banana - Asse as bananas na brasa. Depois de assadas, amasse-as com um garfo. Em uma panela, refogue ⅓ da cebola picada com uma colher de manteiga e adicione a massa de banana. Tempere a gosto.
Para o kihoio - Em uma panela, aqueça um pouco de azeite de dendê. Quando estiver quente, adicione a farinha de mandioca e remexa para pegar gosto. Tempere com sal.