Com sabores inusitados, Fabrício começou como ambulante e, ao formalizar a Lumi Creamy, viu seu empreendimento crescer e ganhar prestígio – hoje, tem duas lojas em São Paulo
"Eu não tenho dinheiro. O que eu tenho é muita força de vontade de fazer o meu 'corre' dar certo”. É assim que Fabrício Luminato, o Lumi, define sua trajetória – de vendedor de brownie em eventos de rap no Rio de Janeiro a proprietário da Lumi Creamy, sorveteria autêntica com duas lojas em São Paulo.
Natural de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, apaixonado por música e desenhista, Fabrício sempre foi criativo, uma mente inquieta desde cedo. Com a venda dos brownies, se interessou pela confeitaria e, a partir daí, decidiu se dedicar à carreira, usando a criatividade como marca pessoal.
COMO TUDO COMEÇOU?
Depois de passar por experiências bem diferentes na capital do Rio (trabalhou na ONG Gastromotiva e no Copacabana Palace), em 2020, foi convidado por um chef para trabalhar em São Paulo. Como confeiteiro criativo do restaurante na capital paulista, criou um sorvete de manteiga de garrafa, mas não ficou com o reconhecimento.
Na pandemia, o negócio faliu. E esse foi o empurrão de que Fabrício precisava para trilhar seu próprio caminho.
Comprei uma máquina de sorvetes, a que cabia no meu orçamento naquele momento, e parcelei em muitas vezes. Produzia em casa e vendia no Beco do Batman com um isopor. Com o tempo, ganhei reconhecimento e passei a fornecer para restaurantes, conta o empreendedor.
Fabrício Luminato: de vendedor de brownie em eventos de rap no Rio de Janeiro a proprietário de duas sorveterias autênticas em São Paulo.
OPORTUNIDADE PARA CRESCER
O isopor evoluiu para um carrinho de sorvete, que serviu como ponto de venda durante um ano.
Orgulhoso de sua trajetória, Fabrício revela: “Até que surgiu a oportunidade de alugar uma lojinha de 7 m² no Beco do Batman. Eu sempre sonhei em ter um ponto fixo e acredito no que faço. Fui investindo o pouco que tinha, comprei equipamentos usados, reformei, pintei a loja e fiz até a placa de acrílico. Tudo na Lumi é feito por mim”.
Atualmente, a Lumi Creamy tem duas lojas – a segunda, aberta recentemente, fica na República, região central da cidade – e dois funcionários.
O diferencial da sorveteria é a diversidade de sabores criativos: coentro, pastel com caldo de cana, batata, pão de queijo, pão na chapa, pipoca e pizza são algumas das criações da Lumi, que também serve sabores tradicionais.
Depois da abertura da loja, a marca vem se destacando até mesmo fora do país. Recentemente, Fabrício foi convidado para fazer parcerias com estabelecimentos europeus, mais especificamente em Portugal e na França, onde passou um mês criando ao lado de confeiteiros locais.
Por aqui, no entanto, ele ressalta que formalizar o negócio trouxe algumas vantagens. Além de aumentar a capacidade de produção e, consequentemente, as vendas, a Lumi Creamy passou a ser conhecida como um espaço diferente e inovador.
“Meu objetivo era alcançar maior valor de marca, e isso aconteceu. Hoje, muita gente criativa frequenta meu espaço, e os sabores tradicionais, como chocolate e morango, quase não saem. Por outro lado, o sorvete de batata acaba em segundos”, finaliza.
Palavra da especialista
“A trajetória de Fabrício, antes mesmo do sorvete, deixa claro que a criatividade é o principal ativo e diferencial do negócio. Mas, sabe aquela história de que só o talento não basta? É preciso treino e disciplina. E é nesse contexto que a formalização do negócio se torna fundamental para garantir a sua sustentabilidade e seu crescimento contínuo”, avalia a mentora de negócios e especialista em transformação e melhoria de processos, Sarah Hirota.
A profissional destaca os principais benefícios da formalização:
Acesso a crédito e incentivos, que viabilizam investimentos para o crescimento e a sustentação da operação.
Parcerias e visibilidade no mercado, facilitando conexões estratégicas e novas oportunidades comerciais.
Segurança jurídica, com respaldo legal e cumprimento das obrigações fiscais e trabalhistas, para correr menos riscos.
Ela ressalta ainda que, embora existam responsabilidades fiscais e contábeis, essas exigências contribuem para uma gestão mais organizada e eficaz. E reforça que o apoio de profissionais é importante, mas não necessariamente caro: instituições como o Sebrae e entidades públicas oferecem orientações e consultorias gratuitas ou com preços acessíveis.