Cardápio via QR Code

Quem não gosta de pegar um cardápio e apreciar, olhar tudo para depois fazer o pedido em um restaurante? Pois é, mas com a pandemia do coronavírus e a necessidade de evitar contato físico entre pessoas e também com objetos, foi adotado pela maioria dos estabelecimentos comerciais o cardápio via QR Code.

O QR Code, ou código de resposta rápida, permite que os clientes acessem as opções oferecidas pelo restaurante por meio do próprio celular a partir da leitura do código com a câmera, e é uma alternativa aos menus impressos. Foi necessário, mas agora não é mais. Fica a questão: vai permanecer?

O que dizem os especialistas

“Como consumidor, eu particularmente não gosto. Porém, como especialista em gestão, creio que pode haver benefícios no uso dessa ferramenta. Contudo, é preciso muita atenção na adoção (ou não) para não perder competitividade e, principalmente, clientes”, alerta o especialista em marketing e estratégia de negócios, Frederico Burlamaqui.

Para ele, o cardápio via QR Code vai permanecer, mais por falha de gestão do que por benefícios gerados pela ferramenta. “Ou por corte de custos em empresas com marcas muito fortes, que conseguem levar seus consumidores - ao menos por hora - a tolerar esse item que é quase unânime em ser visto de forma negativa por eles”, esclarece.

Vantagens e desvantagens

Como vantagem, o especialista vê a facilidade de atualização, de alterações nos itens ofertados e de melhoria do processo produtivo e de atendimento, se for integrado a softwares de automação que enviam o pedido direto para a cozinha ou produção. Permitem também que os preços sejam atualizados rapidamente e sem custos adicionais. 

Além disso, com o QR Code, os garçons não precisam perder tempo entregando cardápios aos clientes. Isso pode aliviar o peso sobre um restaurante que já está com falta de pessoal.

“Já como desvantagem, há um forte potencial de prejudicar a experiência do consumidor, reduzindo a competitividade da empresa e dificultando a retenção de clientes. Além de forçar o cliente ao desconforto de manusear um item (celular) que não desejaria utilizar naquele momento para essa finalidade”, explica Burlamaqui. 

Ele acrescenta ainda o fato de que “a internet pode estar instável e o cliente desistir do consumo devido ao transtorno. Eu mesmo já vi situações em que a pessoa queria uma sobremesa ou mais uma bebida, mas preferiu ir a outro estabelecimento a ficar vendo o cardápio digital no celular”.

O QUE OS USUÁRIOS DIZEM SOBRE O CARDÁPIO VIA QR CODE?

Observando relatos de usuários dos dois tipos de cardápios, percebe-se também a preocupação pela segurança, por exemplo, em restaurantes com mesas nas ruas, em que o cliente fica focado prestando atenção no celular e pode ser vítima de assalto, já que estará desatento ao ambiente em geral.

O cardápio impresso faz parte também da experiência gastronômica e social, quando o cliente observa todos os itens, suas fotos, e decide com familiares ou colegas o pedido que será feito para aquele momento de lazer.

Os usuários poderiam simpatizar mais com o cardápio via QR Code se eles fossem mais responsivos e interativos e pudessem ser usados para fazer pedidos, somar itens ou ainda pagar as suas contas por ali. Não pode ser só um PDF que a pessoa tem dificuldade para visualizar maior ou menor. 

“Nenhuma interface digital é tão ágil e de tão fácil manuseio quanto um material impresso. Isso irá impactar sim – e para menos – o ticket médio por cliente no seu estabelecimento” – Frederico Burlamaqui, especialista em marketing e estratégia de negócios

COM IRONIA NAS REDES

No Twitter, uma postagem que pede ao presidente da República uma medida para acabar com o cardápio via QR Code tem mais de 50 mil curtidas, porém os comentários são tanto a favor como contra essa tecnologia.

No Instagram, o perfil de humor @coisasquesoucontra, que debate coisas aleatórias, como os canudos de plástico ou ainda o envio de áudios longos por WhatsApp, tem um post do perfil, com quase 38 mil curtidas citando o cardápio via QR Code, sendo um dos mais comentados do perfil.