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Direto para o gol

Com o início da Copa do Mundo 2014, empreendedores de todo o país buscam encantar os turistas e lidar com um consumidor interno desconfiado

Como boa parte dos brasileiros, o empresário Claudio Magliari Joaquim é um admirador do futebol. Assiste aos jogos, torce e acompanha cada segundo de uma partida emocionante, mas em tempos de Copa do Mundo a paixão vai além e vira negócio. Proprietário do restaurante Du Dudu, no Rio de Janeiro, Claudio dedica tempo e dinheiro para tornar seu estabelecimento um ponto de encontro de torcedores e turistas, e conquistar uma fatia da receita gerada pelo evento no país.

Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) indica que o Brasil receberá um fluxo de 3,6 milhões de turistas durante a Copa do Mundo, o que equivale à metade do total de visitantes que devem circular pelo país em 2014. Como reflexo, estima-se que a receita gerada pelos turistas durante o evento alcance a quantia de R$ 9,4 bilhões, segundo dados do Sebrae.

Para conquistar uma parte desse montante, muitos empresários apostam em ações pontuais como forma de atrair clientes. É o caso de Claudio, que está investindo em ações promocionais e infraestrutura nas duas unidades de seu restaurante. “Além das promoções, disponibilizamos telas para transmitir os jogos aos torcedores e uma decoração temática”, detalha ele, que acredita nas melhorias como forma de incrementar o faturamento.

Em termos de menu, Claudio optou por ampliar a variedade e dar destaque às comidas típicas brasileiras. “O churrasco e o salgadinho ainda são os preferidos e estão no cardápio de todos os nossos estabelecimentos”, destaca o empresário, cliente do Assaí há cinco anos.

Qualidade no produto e no serviço

Os sócios Euclides Castro Junior e Cristiano Ferreira da Silva também veem o momento como uma oportunidade de ampliar as vendas. Proprietários da pizzaria Kilegal, de São Miguel (SP), e clientes do Assaí há mais de dez anos, eles investiram em capacitação e variedade para ampliar a qualidade dos produtos e serviços do estabelecimento, com base em um público extremamente diversificado.

A primeira ação desenvolvida pelos empresários foi a confecção de um novo cardápio, totalmente baseado na Copa do Mundo. Como chamariz, eles criaram sabores de pizza baseados nas principais seleções do campeonato. “Teremos a pizza de Portugal, a americana, a brasileira. Para isso, estudamos as tradições culinárias de cada um dos países e montamos sabores com base nos ingredientes mais consumidos”, explica Euclides. “A ideia é entrar para valer no ritmo do evento e fazer os estrangeiros se sentirem em casa”, completa.

Mas o maior diferencial da pizzaria talvez fique a cargo do treinamento especial oferecido aos garçons, cozinheiros e atendentes, que receberam aulas básicas de Inglês e Espanhol para melhorar a comunicação com os turistas estrangeiros. “Os funcionários gostaram da ideia. Todos fizeram as aulas pensando que, se alguém fizer uma pergunta, eles possuem a noção para responder. Até o pizzaiolo”, conta Euclides. Para fechar o time, os empresários contarão com o apoio de alguns amigos que devem auxiliar no atendimento aos estrangeiros.

Como aproveitar o momento

“Todo o comércio será beneficiado pelo aumento do fluxo de turistas no país durante os jogos, mas o destaque será das empresas que souberem negociar o fornecimento de produtos, o que irá garantir um fluxo também no pós-Copa”. A dica do Gerente da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, Paulo Alvim, pode parecer simples, mas é fundamental para qualquer negócio que queira obter bons resultados durante a Copa.

Isso porque, segundo ele, “é importante investir pensando que o consumo adicional persistirá, inclusive após a Copa do Mundo, ou seja, é preparar o negócio para que ele persista mesmo depois do término do evento”. E quanto melhor for o processo desenvolvido com o fornecedor, mais chances de obter lucros com as vendas durante e depois da Copa.

Pedro Leme Fleury, gerente da Cosin Consulting, concorda e complementa: “É fundamental bolar um plano de ação que envolva questões operacionais, comerciais e um pouco de análise financeira. Toda a ação tem uma reação – que pode ser suficiente para afetar o resultado do ano, mas pouco suficiente para suprir o investimento. É preciso avaliar”. Quer dizer, é importante se preparar para o aumento da demanda, mas também ponderar se o retorno será o bastante para suprir o capital investido.

De acordo com o Doutor em Administração e Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Nuno Manoel Martins Dias Fouto, de maneira geral, o empreendedor brasileiro ainda olha muito o que o outro está fazendo, sem se preocupar em como pode se sobressair em relação aos demais. “Existe a ideia de que nesses eventos há uma demanda muito grande e, por isso, tem espaço para todos. Especialmente nos locais onde a competição acontece. Como resultado, o que costumamos ver no Brasil nessas ocasiões é uma oferta desqualificada, afetada pela falta de preocupação e, consequentemente, de preparo”, diz.

Segundo ele, estar preparado para atender mais e melhor pode fazer uma grande diferença. Mas talvez o ponto principal ainda seja entender as necessidades desse consumidor e avaliar quais aspectos podem ser decisivos para ele. “Entendendo melhor essa questão, as empresas poderão entregar soluções mais completas e direcionadas. Especialmente, quem tem contato direto com os visitantes”, afirma.

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