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Hospedagem de primeira

Verdadeiro reflexo do desenvolvimento econômico do país, setor hoteleiro está aquecido no Brasil, mas precisa ficar atento aos perigos da superoferta

Quanto mais aquecida está a economia, mais se gasta em turismo. No Brasil, não poderia ser diferente. Junto ao vertiginoso crescimento do turismo, um dos mercados que mais crescem no país é o da hotelaria. Os motivos são basicamente dois: forte investimento estrangeiro e maior poder aquisitivo do brasileiro.

Segundo o Fórum de Operadores Hoteleiros no Brasil (FOHB), a previsão é de que o Brasil atinja a marca de 535 mil apartamentos – distribuídos em 10,1 mil empreendimentos – até o ano das Olimpíadas. Serão 400 hotéis e 60 mil quartos a mais do que a indústria apresenta hoje em seu cenário. Para ter uma ideia do montante, somente com as 25 redes associadas da FOHB – 18% do total do país – serão injetados R$ 7 bilhões no setor até 2015.

Segundo dados do Ministério do Turismo, 68% dos viajantes optaram pelo Brasil ao invés do exterior. E, mais uma vez, quem saiu ganhando foi o setor de hospedagem nacional. Para Enrico Fermi, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, ABIH, o motivo do desenvolvimento do setor é a crescente inserção da “Classe C” como consumidora de turismo. “Hoje, são mais de 35 milhões de brasileiros viajando pelo país e a nossa estimativa é que esse número chegue a 50 milhões em até dois anos”, afirma. Ainda segundo Fermi, esse tipo de consumidor quer pagar taxas mais baixas (cerca de R$ 150,00 a diária) e o mercado brasileiro está cada vez mais preparado para isso.

Eventos em alta

Mas o verdadeiro responsável pela alta do setor é o turismo de negócios e eventos. Compreendido como um “conjunto de atividades turísticas decorrentes de encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social”, esse tipo de atividade movimenta mais de 60% dos apartamentos disponíveis atualmente no Brasil.

Cliente do Assaí Coxipó desde a sua inauguração na cidade de Cuiabá (MT), em 2013, o Delmond Hotel é um dos empreendimentos que tem como foco principal o turismo de negócios. “Atendemos todos os públicos com poder aquisitivo mais elevado. Porém, o foco maior está no atendimento a grandes empresas nacionais e multinacionais, bem como de órgãos públicos”, afirma o sócio-diretor do Grupo Starlis, Bruno Delcaro.

Consolidado no mercado hoteleiro desde 1984, o Grupo Starlis pode ser considerado uma referência no setor. Bruno afirma que o segredo para tanto sucesso é ter uma equipe de gestores e colaboradores focados nos objetivos da empresa, ter conhecimento do negócio em que atua e prestar um serviço de referência e com qualidade acima da esperada pelos clientes.

“Cada unidade foi projetada com foco na demanda do local no qual está inserida e em seu posicionamento de mercado. No aspecto de serviços, sabemos que a diferença está nos detalhes. Por isso, focamos na capacitação contínua de nossos colaboradores. Temos implantado um programa de qualidade que atua no treinamento e preparo das pessoas em suas rotinas de trabalho”, explica o sócio-diretor. Segundo ele, qualidade e agilidade são quesitos fundamentais no setor hoteleiro – e o atendimento, a localização e o equilíbrio entre o preço e a agilidade são fatores decisivos na escolha do cliente.

O outro lado da história

Infelizmente, não só de boas expectativas vive o mercado hoteleiro no Brasil. Segundo a última versão do Placar da Hotelaria (2015), o setor deve estar atento ao efeito da “superoferta”, principalmente no período pós Copa do Mundo. A pesquisa aponta ainda que, provavelmente, o impacto será maior nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Manaus, Salvador e Recife. Além disso (e principalmente em razão do desaquecimento econômico atual), outros mercados também passaram a apresentar risco moderado de “superoferta”, sendo eles o Rio de Janeiro e Porto Alegre – ambos no segmento midscale (hotéis “na metade” da tabela de classificação, ou seja, um padrão intermediário, entre o econômico e o luxo).

A pouca estrutura física do país é um entrave alarmante. “Precisamos de rodovias e aeroportos em perfeito estado de funcionamento e de segurança para quem viaja”, afirma Enrico Ferme. Ainda segundo ele, outro gargalo deve ser observado: a falta de capacitação de quem atua na área, principalmente no que diz respeito ao conhecimento de outros idiomas.

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