Curiosidades

Professor bom de bola: os técnicos que também atuaram como jogador

No Brasileirão Assaí, boa parte dos treinadores já teve a bola a seus pés. Mas dá pra contar nos dedos quem foi craque dentro e fora de campo

Um dos momentos mais difíceis na vida de qualquer jogador de futebol é quando se aproxima o momento de pendurar as chuteiras. O que fazer quando não houver mais a adrenalina de entrar em campo, fazer um gol, vencer um adversário histórico num clássicoc Esse é um dilema que faz, cada vez mais, jogadores a cogitarem uma nova carreira ao deixar de atuar como atleta.

Pode até parecer natural que a sequência da vida do jogador seja se tornar um treinador. Afinal, para quem passou boa parte da vida ensaiando jogadas, dando chutes a gol, treinando batida de falta, escanteios e pênaltis, brigando diariamente para ser titular num time futebol, nada mais natural do que se tornar técnico, certo? Bem, na prática não é tão simples assim.

Mais do que nunca, hoje é necessário se preparar para mudar de posição – o que demanda tempo e muito aprendizado. Também ajuda se o futuro “professor” acumular algum sucesso dentro de campo, mas não é garantia de que a vida será vitoriosa na nova carreira.

A maior parte dos treinadores do Brasileirão Assaí 2021 (15 de 20) ingressou no mercado de trabalho da bola pelo campo, com trajetórias e resultados bem diferentes. Mas nem todos sentiram o gosto de disputar o torneio mais difícil do planeta dentro das quatro linhas.

Tirando os técnicos estrangeiros que jamais jogaram na Série A do Brasil (caso dos portugueses Antonio Oliveira, do Athletico-PR, e Abel Ferreira, do Palmeiras; e os argentinos Juan Pablo Vojvoda, do Fortaleza, e Hernán Crespo, do São Paulo), cinco treinadores iniciaram sua carreira sempre com a prancheta nas mãos: Eduardo Barroca (Atlético-GO), Mauricio Barbieri (Bragantino), Guto Ferreira (Ceará), Luiz Fernando Iubel (Cuiabá, interino) e Tiago Nunes (Grêmio).

Já Dado Cavalcanti (Bahia) se tornou auxiliar depois de passar nem duas temporadas como jogador. Marquinhos Santos (Juventude) saiu da base direto para a carreira de auxiliar e Jair Ventura, filho de Jairzinho, o Furacão da Copa de 1970, não teve o mesmo sucesso do pai nos campos. Atuou por equipes menores e nunca disputou um Brasileirão Assaí. Umberto Louzer (Sport) jogou de 1999 a 2004, mas nunca esteve em equipes que disputaram a Série A.

Listamos abaixo os treinadores que até a 8ª rodada trabalhavam nos times da primeira divisão nacional e que tiveram destaque quando defendiam seus times:

 

Cuca (7/6/1963, de Curitiba-PR)

Cuca chegou ao Grêmio em 1986, depois de iniciar a carreira de atacante em 1984, passando pelo Santa Cruz e depois Juventude. Defendendo as cores do Tricolor Gaúcho até 1990, Cuca foi decisivo em muitas partidas, marcando muitos gols com sua habilidade e decisão rápida. Ganhou destaque e se transferiu para o Palmeiras em 1992, mas não teve o mesmo sucesso que o lançou no Sul. Em 1993, foi para o Santos, mas também não repetiu as grandes atuações dos tempos de Grêmio. Ainda jogou no Internacional, Portuguesa e Chapecoense, encerrando a carreira em 1996 no Coritiba.

Antes do Atlético-MG, Cuca treinou Goiás, São Paulo, Grêmio, Flamengo, Coritiba, Botafogo, Santos, Fluminense, Cruzeiro, Shandong Luneng (China), Palmeiras (campeão brasileiro em 2016) , e equipes menores.

Diego Aguirre (13/9/1965, de Montevidéu, Uruguai)

Iniciou carreira muito cedo, aos 16 anos, no Liverpool de Montevidéu até chegar ao Peñarol (1986 a 1987), passou pela Fiorentina e desembarcou no Internacional (1988 e 1989), e chegou ao São Paulo em 1990. Centroavante de boa qualidade, foi vice-campeão do Brasileirão Assaí de 1988, jogando ao lado de Taffarel. Na metade de 1990 chegou ao São Paulo, que era treinado pelo seu conterrâneo Pablo Forlan, fazendo parte do elenco que tinha os futuros campeões mundiais Zetti, Cafu, Leonardo e Raí. Com a chegada de Telê Santana ao Tricolor e após várias contusões, seguiu para a Portuguesa, depois ainda defendendo clubes como Independiente (1992), Marbella (1993 a 1995), Peñarol (1995 a 1996), River Plate-URU (1997 a 1998). Terminou a carreira em 1999 no Rentistas (Uruguai).

Antes do Internacional, treinou o Al-Rayyan (Catar), São Paulo, San Lorenzo, Atlético Mineiro, Peñarol, Alianza Lima (Peru), e equipe menores quando iniciou carreira como treinador em 2002.

Fernando Diniz (27/3/1974, de Patos de Minas-MG)

Começou a jogar no Juventus da Móoca, como meio-campista, passou pelo Guarani e chegou ao Palmeiras no segundo semestre de 1996. Naquele ano, Diniz compôs elenco com os craques Velloso, Marcos, Cafu, Roque Junior, Djalminha e Luisão, treinados por Vanderlei Luxemburgo. No ano seguinte foi para o Corinthians, e em 1999 se transferiu para o Paraná, onde se destacou em duas temporadas, indo em seguida para o Fluminense em 2000. Defendeu a seguir o Flamengo, em 2003, Cruzeiro em 2004 e Santos em 2005. Encerrou carreira em 2008, no Gama (DF).

Antes do Santos, treinou equipes pequenas a partir de 2009 (Paulista, Audax, Oeste Guaratinguetá, entre outros), até chegar ao Athletico-PR em 2018. Também trabalhou no Fluminense e São Paulo.

Roger Machado (25/4/1974, de Porto Alegre-RS)

Considerado um dos melhores laterais-esquerdo do país, jogou no Grêmio de 1994 a 2003 e foi um dos destaques da equipe campeã brasileira em 1996, ao lado de jogadores como Danrlei, Rivarola, Arce, Mauro Galvão e Paulo Nunes, treinados por Luiz Felipe Scolari. Passou duas temporadas no Vissel Kobe, do Japão, em 2004 e 2005, e voltou ao Brasil para defender o Fluminense, de 2006 a 2008, quando pendurou as chuteiras.

Antes do Fluminense também treinou, a partir de 2014, Juventude, Novo Hamburgo, Grêmio, Atlético-MG, Palmeiras e Bahia.

Rogério Ceni (22/1/1973, de Pato Branco-PR)

O ex-goleiro é um daqueles casos que se espera da carreira de treinador boa parte do imenso sucesso que teve embaixo das traves. Começou no Sinop (MT) em 1990 e no mesmo ano chegou ao São Paulo, onde ficou até 2015. É um pulverizador de marcas dentro do futebol: recordista de número de jogos no mesmo clube (1237 partidas, segundo o São Paulo), é o goleiro que mais marcou gols no planeta (131, segundo o Tricolor, sendo a maioria em cobranças de falta e pênalti - apenas um com a bola rolando), maior período como capitão de time no mundo (este três estão registrados no Guinness, o livro dos recordes), é o jogador que mais jogos disputou no Brasileirão Assaí, é o jogador que mais venceu num mesmo time, entre outros incríveis feitos. Ceni também tem 17 partidas atuando pela Seleção.

Além disso, tem três títulos brasileiros (2006, 2007 e 2008); duas Libertadores da América (1993 e 2005); um Mundial de Clubes da Fifa (2005); com a seleção foi campeão da Copa das Confederações em 1997 e do Mundial da Coréia e Japão em 2002; disputou também a Copa da Alemanha em 2006; isso entre os principais títulos na carreira de jogador. Foi eleito melhor goleiro do Brasileirão em 2004, 2005, 2006 e 2007; melhor jogador do Brasileirão em 2006 e 2007; melhor jogador e melhor goleiro da Libertadores de 2005; Bola de Ouro do Mundial de Clubes de 2005, entre outras premiações.

Antes do Flamengo – com quem foi campeão brasileiro de 2020 –, Rogério Ceni treinou o São Paulo (2017), Fortaleza e Cruzeiro em 2018, e novamente o Fortaleza (2019).

Sylvinho (12/4/1974, de São Paulo-SP)

O lateral-esquerdo esteve no Corinthians de 1992 a 1999, indo a seguir para o Arsenal, onde ficou até 2001. Da Inglaterra, passou três temporadas no Celta de Vigo (2001 a 2004), da Espanha, integrando depois a equipe do Barcelona de 2004 a 2009. Terminou a carreira no Manchester City em 2011. Foi campeão do Brasileirão Assaí de 1998, jogando no Corinthians ao lado de Gamarra, Vampeta, Rincón, Ricardinho, Marcelinho Carioca e Edilson, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo.

Na Europa, faturou a Supercopa da Inglaterra em 1999, a La Liga em 2004/2005, 2005/2006 e 2008/2009; a Liga dos Campeões em duas temporadas (2005/2006 e 2008/2009), quando atuou no Barça ao lado de Victor Valdés, Puyol, Belletti, Thiago Mota, Xavi, Iniesta, Ronaldinho, Deco, Messi, Eto’o, Piqué, Daniel Alves, Thierry Henry, entre outros grandes craques. Defendeu a seleção brasileira em seis partidas.

Antes ser efetivado no comando do Corinthians, foi auxiliar de 2011 a 2016 no Cruzeiro, Sport e Inter de Milão, além do próprio Timão; também integrou a comissão técnica da seleção Brasileira de 2016 a 2019; e comandou seu primeiro time como técnico efetivo na França, o Lyon, na temporada 2019/2020.

Vagner Mancini (24/10/1966, de Ribeirão Preto-SP)

O meia com fortes características de atacante iniciou a carreira no Guarani de Campinas, em 1988, na equipe que tinha como destaque o futuro craque Neto. Sofreu com contusões e depois jogou na Portuguesa, em 1990 e 1991, ao lado do “cometa” Dener, vítima fatal de um acidente de carro em 1994. Passou ainda por Bragantino e Botafogo, até chegar ao Grêmio em 1995, forte equipe formada por craques como Danrlei, Arce, Arilson, Paulo Nunes, Carlos Miguel e Jardel, que conquistou a Libertadores daquele ano. Passou ainda por times como Coritiba, Ponte Preta, Ceará, Figueirense, Sport Recife, Ituano e Paulista de Jundiaí – esse último o mesmo time pelo qual conquistou o primeiro grande título como treinador, a Copa do Brasil de 2005.

Antes do América-MG e depois do Paulista, Mancini treinou Corinthians, Atlético-GO, Atlético-MG, São Paulo, Vitória, Chapecoense, Botafogo, Náutico, Sport, Cruzeiro, Ceará, Guarani, Vasco, Santos, Grêmio e Al-Nasr.

 

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