Curiosidades

Sorte lançada: a história das probabilidades no Brasileirão Assaí

Você sabe como começou o trabalho de avaliar as chances de título (e de rebaixamento) dos times da elite do futebol nacional? A gente explica!

É na reta final do Brasileirão Assaí que qualquer apaixonado por futebol lança mão da calculadora para fazer as contas sobre as chances de seu time na competição, seja no topo ou na parte baixa da tabela. 

Com a tabela de classificação e a lista de próximos jogos na mão, as chances de cada equipe vai da fé de cada torcedor. Mas existe quem se dedica com seriedade e uma (mínima) isenção, sem querer “torturar” os números.

O primeiro nome de destaque nessa ciência das probabilidades no futebol foi Oswald de Souza, um engenheiro civil entusiasta da matemática que foi contratado pela Rede Globo no início dos anos 1970 para calcular as chances de premiação da Loteria Esportiva – alguém aqui lembra da “Zebrinha” do Fantástico?

Por quase 40 décadas, o consultor foi considerado uma das fontes mais seguras (ele e o matemático Tristão Garcia) para as estimativas envolvendo os times de futebol: quais tinham mais chances de serem campeões, de se classificarem para as competições sul-americanas e, claro, de serem rebaixados.

Com a popularização desse tipo de levantamento, mais nomes surgiram. Um dos mais populares e conceituados atualmente é o de um grupo de matemáticos ligados à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Eles mantém, desde 2004, um site chamado Probabilidades no Futebol (Link para o site: https://www.mat.ufmg.br/futebol/).

O portal Assaí da Jogo conversou com o professor Gilcione Nonato Costa, um dos idealizadores do site, e ele nos explicou a motivação que o fez iniciar o trabalho. “Tive a ideia de iniciar o levantamento em função do risco de rebaixamento do Atlético-MG, meu time do coração. Estava ali fazendo as contas para saber quantos pontos o Galo precisava fazer pra não ser rebaixado.”

O objetivo do grupo de quatro matemáticos é fazer a divulgação da matemática através da maior paixão nacional. “Queremos mostrar o processo por trás desses cálculos sem o tom professoral. A matemática trata, de forma simples, uma série de conceitos complexos, por isso há uma aversão ao tema. No futebol, acontece justamente o contrário”, diz o Prof. Gilcione.

E como funciona esse tipo de cálculo? Basicamente o modelo matemático criado pelo pessoal da UFMG vai atualizando as chances de cada time vencer as próximas partidas com base em sua “força”, que nada mais é do que a frequência de quantas vezes ele perde, ganha ou empata, jogando em casa ou como visitante.

Explica o Prof. Gilcione, da UFMG: “Se uma equipe perde para um time considerado mais fraco, de qualidade menor, isso aumenta no campo das probabilidades as chances dele perder mais jogos na sequência da competição. E o contrário também vale, se um time mais fraco vence outro considerado mais forte.”

Segundo o matemático, seu modelo começa a ficar seguro a partir da 8ª rodada do Brasileirão Assaí. E para cada partida da competição, a probabilidade é calculada por meio de cerca de 2 Milhões de simulações de resultados. “Probabilidade não é prognóstico, ou seja, não há uma taxa de acerto. Não estamos dizendo que vai acontecer daquela forma. Se a pessoa jogar na Mega-Sena, isso quer dizer que ela vai perder? Não. Apenas que a chance disso acontecer é maior.” 

O Brasileirão de 2009 foi uma edição que desafiou as estatísticas tanto na parte de cima quanto nas últimas posições. O campeão daquela edição foi o Flamengo, que a cerca de 10 rodadas do final da competição tinha menos de 1% de chances de ser campeão. “O normal para o líder da competição, nessa altura do campeonato, é fazer cerca de 18 pontos entre os 30 possíveis. Ou seja, as chances de quem está atrás são menores pois ele teria que ter um desempenho ainda melhor, o que é pouco provável.”

No mesmo ano e por volta do mesmo estágio da competição, o Fluminense era um time virtualmente rebaixado: tinha cerca de 98% de chances de cair para a Série B a cerca de 9 rodadas do fim. Com um desempenho incrível do atacante Fred, o time treinado a época pelo técnico Cuca escapou com um empate contra o Coritiba, que acabou por rebaixar o time paranaense.

Mas vamos ao que interessa. Já acabou o campeonato? Para a felicidade de seu criador, que é torcedor do Atlético-MG, desde que o levantamento é feito, nenhum time que tinha mais de 95% de chances de ser campeão a esta altura da competição perdeu o título nacional. Mas Gilcione está segurando o grito de campeão na garganta. “O atleticano está calejado. Nasci em 1971 (ano do último título brasileiro do Galo), vamos esperar mais um pouquinho.”

PROBABILIDADES DE SER CAMPEÃO (ATÉ A 30ª RODADA, EM %)

  1. ATLÉTICO-MG      96.6
  2. PALMEIRAS          2.0
  3. FLAMENGO          1.3
  4. FORTALEZA          0.005
  5. CORINTHIANS      0.002
  6. BRAGANTINO       0.001

PROBABILIDADES DE SER REBAIXADO (ATÉ A 30ª RODADA, EM %)

  1. CHAPECOENSE   100
  2. GRÊMIO                 92.2
  3. SPORT                   87.7
  4. JUVENTUDE          78.2
  5. SANTOS                19.2
  6. BAHIA                     6.4
  7. SÃO PAULO           4.5
  8. ATHLETICO-PR      4.2
  9. ATLÉTICO-GO        2.9
  10. CUIABÁ                   2.3
  11. AMÉRICA-MG        1.4
  12. CEARÁ                   0.98
  13. FLUMINENSE        0.054
  14. INTERNACIONAL  0.002

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